Mestrado
A área de concentração “Administração de Organizações Inovadoras” abrange e entrelaça os aspectos pragmáticos da ação gerencial com as teorias e conceitos do ambiente científico. Na perspectiva pragmática destacam-se os métodos, profissionais, políticas, técnicas, estratégias e ferramentas, integrados sob o rótulo abordagem inovativa organizacional. Na perspectiva científica ressaltam-se as teorias e conceitos de diversos campos e áreas de estudo, como a gestão de dados (Data Science e escolas de tecnologias), gestão da informação e do conhecimento (Ciência da Informação), aprendizagem organizacional (Educação e Psicologia), design thinking (Design School) e gestão da inovação (Administração). Esses múltiplos saberes são necessários à compreensão da inovação na organização contemporânea, caracterizada pela diversidade e multiplicidade de atores, pelo dinamismo da mudança continua e, consequentemente, pelo aumento da complexidade do ambiente de negócios.
Os estudos conduzidos na área “Administração de Organizações Inovadoras” objetivam estabelecer uma reflexão ampla sobre as práticas das organizações inovadoras, independentemente de porte e segmento, no contexto das mais recentes teorias sobre inovação. Por inovação compreende-se aquelas associadas ao portifólio de produtos e serviços, como também as associadas aos processos operacionais e gerenciais das empresas. Reconhece-se o ator humano e os algoritmos por ele elaborados como as principais entidades que processam, interpretam e dão sentido aos dados, transformando-as em informações que podem proporcionar conhecimento em apoio aos atos criativos e a inovação. Nesse sentido, os estudos também contemplam as ações criativas.
As táticas criativas mais difundidas são aquelas praticadas pelas grandes organizações, calcadas no planejamento (lógica causation), como as de combinação criativa, adaptação, aprimoramento e a invenção. Além destas táticas, exploramos outras menos difundidas, como as praticadas pelas pequenas empresas e por indivíduos criativos (lógica de effectuation). No contexto dessas táticas menos difundidas no ambiente organizacional, exploram-se as táticas de exaptação, nonaptation, bricolagem, frugalismo, entre outras. Exploram-se também as estratégias adotadas pelas grandes e médias corporações no sentido de incorporar ao seu rol de táticas criativas aquelas afeitas às organizações de menor porte, com o propósito de agregar agilidade e dinamismo aos seus atos inovativos. A dinâmica de dados, informações e conhecimentos, bem como a gestão destes, são explorados como elemento de suporte a essas diversas táticas criativas.
Desta forma, essa área de concentração objetiva desenvolver profissionais e gerar conhecimento, tanto na forma de teorias quanto aplicado (na forma de artefatos), que contribuam com a inovação no contexto organizacional.
Linha 1: Abordagens para Inovação Organizacional
Nesta linha de pesquisa abordam-se teorias e aspectos pragmáticos como métodos, técnicas e ferramentas aplicadas ao contexto da inovação nas organizações. Na perspectiva da estratégia organizacional, exploram-se os benefícios e as motivações para a inovação no contexto das organizações. Diferenças de escopo, tempo e espaço das inovações são discutidas no contexto de tipologias que descrevem diferentes abordagens inovativas adotadas pelas empresas. Tensões da inovação no contexto organizacional são exploradas, como as associadas às díades exploitation-exploration, causation-effectuation e proatividade-conformidade. Em termos de abordagens o rol é bastante diversificado quanto aos conceitos e formas de operacionalização, abrangendo desde as mais estruturadas, como a inovação calcada em centro de pesquisa e desenvolvimento, até a valorização de ações menos estruturadas, como aquelas associadas ao improviso organizacional e a casualidade, vinculadas aos conceitos de effectuation, bricolagem e serendipidade.
Na perspectiva de raciocínio criativo como propulsor da inovação abordam-se diversas táticas e as dinâmicas entre elas. Nesse sentido exploram-se as heurísticas de adaptação, aprimoramento, frugalismo, degradação, combinação criativa, exaptação, nonaptation spandrel, nonaptation junk, cópia, e a invenção. Na perspectiva organizacional discutem-se os fatores humanos, as relações e as redes Inter organizacionais, bem como a estrutura para inovação. A inovação aberta e a inovação baseada em funcionários são exemplos significativos associados à configuração e exploração dessas dimensões organizacionais. Na perspectiva legal e normativa exploram-se temas como propriedade intelectual, fraude e ética. Na perspectiva conceitual são muitos os temas abordados, a título de exemplo cita-se os fundamentos da escola de design sob a rubrica Design Thinking.
Na perspectiva tecnológica há um amplo contexto de recursos e suas aplicações que habilitam cenários inovadores, da transformação digital das organizações a novos ambientes ou segmentos de negócios. Abordam-se os modelos de negócios digitais calcados na adoção e difusão de inovações tecnológicas. Assim, exploram-se também os diferentes tipos de processos e de plataformas para transformação digital. Aborda-se o contexto da integração do mundo físico com o digital, compondo inovações em termos de produtos, serviços e de processos. Na pletora das novas tecnologias, os membros dessa linha de pesquisa são estimulados a refletirem como elas podem criar cenários totalmente inovadores, indo além do aprimoramento de produtos, serviços e processos. Como exemplo de recursos tecnológicos destacam-se: a big data, o business analytics, o machine learning, o blockchain, o cloud computing, a Internet das coisas, entre outros. Essa seara também abrange discussões referente à apropriação tecnológica, a cultura digital dos trabalhadores, como a gestão orientada à transformação digital.
Os pesquisadores dessa linha voltam-se para esses diversos temas no sentido de explorar suas potencialidades inovativas dentro do contexto organizacional. Novos conceitos, teorias, tecnologias e comportamentos são explorados não apenas no campo das oportunidades, mas também quanto às suas dificuldades para adoção e aplicação. A agenda de pesquisa dessa linha inclui também as questões atuais referentes a restrições e limitações da inovação organizacional.
Linha 2: Informação e Conhecimento Organizacional
Nesta linha de pesquisa abordam-se teorias e aspectos pragmáticos como métodos, técnicas e ferramentas de gestão da informação e do conhecimento aplicadas ao contexto da inovação organizacional. Considera-se a informação e o conhecimento como recurso central à inovação, segundo os paradigmas das Organizações do Conhecimento (knowledge intensive firms). Abordam-se os recursos dado, informação e conhecimento em seus diferentes tipos e fontes. Tem-se o ator humano e os algoritmos por ele elaborados como as principais entidades que processam, interpretam e dão sentido aos dados, transformando-as em informações que podem proporcionar conhecimento em apoio aos atos criativos e a inovação. Ressalta-se também a importância da atuação dos atores humanos em redes, estabelecendo relações e redes de conhecimento estruturados.
Reconhece-se a importância da aprendizagem individual e organizacional à inovação, bem como da sua dependência de abordagens eficazes para a gestão da informação e do conhecimento organizacional. No campo da aprendizagem destaca-se a influência da cultura organizacional voltada à informação e ao conhecimento, bem como de lideranças orientadas à tríade informação-conhecimento-inovação. Esses elementos são partes constituintes de ambientes favoráveis à aprendizagem organizacional que caracterizam as “empresas que aprendem”. Entre os atores desse ambiente destacam-se os Information workers, os knowledge workers, e demais atores derivados desses, desempenhando uma diversidade de papéis importantes à criatividade e inovação nas organizações. Desta forma, novas estratégias de aprendizagem para os trabalhadores tornam-se fundamentais, bem como o uso de métodos e estratégias voltadas ao melhor uso das informações e dos conhecimentos.
A informação e o conhecimento desempenham muitas funções relevantes no contexto da organização inovadora. Entre essas funções, destaca-se o papel de atenuar tensões organizacionais, por exemplo, as atreladas ao paradoxo exploration-exploitation. Assim, a eficácia de processos de gestão da informação e do conhecimento auxiliam na manutenção do equilíbrio entre ações de inovação radical e ações de inovação incremental (ambidestria inovativa). Nesse sentido, destaca-se a importância de acesso a múltiplas fontes e fluxos informacionais, ou seja, de diferentes bases de informações. A diversidade de fontes de dados e informação evidencia a importância do envolvimento dos stakeholders no processo inovativo.
Outro ponto abordado pela linha é a convergência entre as ações organizacionais e as individuais em termos de aprendizagem. Destacam-se as semelhanças entre as fases da gestão do conhecimento (identificação, aquisição, compartilhamento, uso, aprendizagem e descarte) e os micro fundamentos do processo cognitivo para inovação (motivação, atenção, cognição, memória, criatividade e articulação). Com isso, torna-se necessário a geração de competências informacionais, bem como a aplicação de tecnologias da informação e comunicação (TIC) como importantes ferramentas utilizadas como suporte à Gestão do Conhecimento.
Os pesquisadores dessa linha voltam-se para esses diversos temas no sentido de explorar o conhecimento como recurso estratégico, dentro do contexto da organização inovador. Novos conceitos, teorias, tecnologias e comportamentos são explorados de maneira práticas, gerando novas oportunidades para adoção e aplicação. A agenda de pesquisa dessa linha inclui também as questões atuais referentes a restrições e limitações da informação e do conhecimento organizacional.
